15.11.06
  Maceió: um olhar sobre a cena musical independente.
Olho a cidade a minha volta e, às vezes, surpreendo-me ao vê-la de um ângulo diferente; talvez porque eu, ingenuamente, julgo conhecê-la bem. Nasci e me crio aqui nesta terra maravilhosa, berço da república; terra de Zumbi, Graciliano Ramos, Hermeto Pascoal, Djavan... Moro em Maceió, capital de Alagoas, um dos 9 estados do Nordeste brasileiro.
Um fato que me incomoda é perceber o desconhecimento pleno e total das pessoas em relação a minha terra. Para não tomar seu tempo, duas simples informações já me satisfazem: Maceioense não costuma falar o estereotipado “ôxente”; e quem nasce em Maceió é maceioense, não “paraíba” ou “baiano”, OK?
O que me parece é que, para a maioria do público, Alagoas está isolada sob um véu de desconhecimento, fruto da usual preguiça do consumidor brasileiro. O resto do país não conhece o que se produz aqui; mas eu não censuro isso, pois a maioria dos alagoanos também não tem conhecimento da produção musical do seu próprio estado. A realidade é triste e acho que espelha o nosso país: somos todos assim, descuidados com os tesouros enterrados no nosso jardim.
Existe um cenário interessante e eu o enxergo da seguinte forma: Maceió é uma daquelas cidades com ares de interior. O bacana é que aqui todo mundo acaba se conhecendo, ou pelo menos conhecendo alguém que conhece o outro. Somos testemunhas de uma cena que nasceu no início dos anos 90, bem ao nosso lado, com as bandas dos amigos ou dos amigos dos amigos... A cena surgiu tímida, sem uma identidade definida. Havia a tendência de buscarmos o que estava nos cercando pelas antenas do rádio e TV; não havia ainda o “Rock alagoano” propriamente dito.
Com o passar do tempo, os ingênuos berros em inglês do início foram dando espaço para discursos inteligentes e sonoridades autênticas e, de certa forma, alheias ao que se passava no resto do Brasil. Isolada dos grandes centros, fora do eixo e longe do “Sul maravilha”, Maceió começou a produzir boa música autoral, na surdina; um panorama fervilhando criatividade, porque o mais característico dele é a diversidade: Aqui, a cena poderia ser representada por uma colcha de retalhos, pois, como não há uma tendência dominante (como o Manguebeat foi em Recife), as bandas se propalam em diversos estilos. A música independente de Alagoas tem o seu tom peculiar (o que acredito que aconteça em cada parte do Brasil) e o que traduz isso da melhor maneira é a liberdade de padrões e/ou rótulos com que a maior parte dos músicos alagoanos cria sua produção.
Uma coisa que não mudou com o passar do tempo foi o apoio dado a esses artistas, ou melhor: a FALTA de apoio. Aqui, faz-se música por conta própria! Tímidas ações do governo em chamar uma ou duas atrações alagoanas para tocarem num evento (encerrado por um “grande” nome de fora do estado, sempre) e projetos culturais desmotivados ao longo do ano não vão tornar Alagoas numa terra que valorize o seu artista. Na verdade, eu acho que isso é um problema de falta de educação, falta de hábito. Não nos ensinaram a valorizar nossa cultura, somos o estado brasileiro com maior número de folguedos populares e, no entanto, nossos artistas não conseguem se sustentar de sua arte.
As dificuldades enfrentadas pelas bandas de Rock independente, no entanto, acredito que são as mesmas enfrentadas no resto do país (em diferentes escalas, lógico): A escassez de locais para tocar; a deficiência nas estruturas de som, iluminação, palco; a falha na divulgação de informações sobre bandas e shows; a dificuldade em arranjar grana para gravar seu disquinho; o jabaculê das FMs comerciais e principalmente a preguiça e a má-vontade do público. Não quero gerar polêmica, generalizar ou que você ache que a carapuça é sua, não! O público está acostumado demais em consumir aquilo que toca nas FMs ou na MTV, e o que vem de fora também tem seu valor superfaturado... Há uma nociva acomodação em não se interessar por ver shows dos artistas locais que fazem música autoral. As casas de shows sabem disso e, algumas, impõem que as bandas toquem covers, porque é isso que o público quer: beber e paquerar ao som da baladinha da moda. Triste realidade que somente encontra saída na parceria de bandas, que geralmente se aliam para organizar shows e eventos.
Mas a música independente se faz por essas vias, eu sei. É o verdadeiro espírito “faça você mesmo!” e é assim que a cena se movimenta aqui. Há um público interessado sim, ele é pequeno em comparação numérica com o público da “balada da moda”, mas é valioso, porque aprendeu a formar livremente o seu gosto musical: Um público independente para bandas independentes.
Resumindo tudo e colocando num único parágrafo: Alagoas tem uma rica produção musical independente, escondida nos palcos empoeirados dos pequenos espaços de shows, mas acompanhada com entusiasmo por uma pequena, minúscula, leva de gente autêntica. A taxa de natalidade das bandas é alta e elas fervilham criatividade em diversos estilos. O governo e o grande público deveriam apoiar essas manifestações e reconhecer o seu valor devido. Mesmo que elas não tragam a temática regional em tom de repentistas, elas são manifestações autenticamente alagoanas... e independentes!
Abraço forte! Diogo Braz*
*É jornalista, vocalista e guitarrista da Eek
 
  Filosofia barata sobre a música independente: sopa de letrinhas
Começo o texto com uma letra... Sozinha ela não significa nada além de uma letra, a representação gráfica de um fonema... O texto somente prossegue com a chegada de outras letras. Em conjunto, elas traduzem idéias, trazem informação, transformam o mundo, nem que seja apenas o nosso próprio mundo. Uma banda sozinha é como uma letra sozinha, que pode até significar algo, mas que cercada por outras letras, em conjunto, elas dão muito mais sentido a um discurso. Nosso discurso, apesar da metáfora piegas, fala sobre a música independente; bandas independentes... Acredito que este esforço, o de criar um espaço para discutir e agregar as bandas em torno de um mesmo objetivo, é de grande valor. A sabedoria popular já diz: “uma mão lava a outra e as duas lavam o rosto”. Vamos agregar!
Abraço forte! Diogo Braz*
* é jornalista, vocalista e guitarrista da banda Eek
 
  Atualiza
Olá gurizada!
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Um abraço!
Marjorie.
 



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